Catástrofes e Filosofia - Apresentação do número temático da «Revista de Filosofia do Porto»
Catástrofes e Filosofia - Apresentação do número temático da «Revista de Filosofia do Porto»
há 9 meses
Gato Vadio
Rua da Maternidade 124, Porto
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Participantes:

Tiago Mesquita Carvalho

Jorge Leandro Rosa

Irandina Afonso

Neste Sábado, discutir-se-á a catástrofe a partir de um leque de perspectivas diversas. O termo parece ser cada vez mais usado para descrever quer aqueles acontecimentos de magnitude e escala considerável, como guerras, pandemias, desastres, quer a forma como pequenos episódios quotidianos ou certas modificações estruturais no ambiente social ou natural deixam entrever uma lógica que permanecia oculta ao andamento dos dias. Em comum, a catástrofe prende-se com o acontecer (questionamos também, em algum momento, as fórmulas substantivas do acontecimento) insólito e disruptivo que abala a temporalidade «normal», e lança os sobreviventes num trauma que possui o potencial de uma transformação.

É assim que os sucessos que sobrevêm com as catástrofes parecem estar ligados à génese de tentativas sistemáticas de reinterpretação do lugar do Homem no Cosmos ou até de reformas da organização social com vista à remediação dos seus efeitos mais nefastos e à preservação do bem-estar. Aquém e além da linha da modernidade, a catástrofe espreita: por um lado, a catástrofe está bem ancorada no domínio religioso e aparece aí paradoxalmente associada à cosmogonia e à antropogenia, por outro, a catástrofe acompanha historicamente o processo de secularização da teodiceia e a colocação da justiça terrena nas mãos dos homens, papel que invoca a intensificação e exacerbação do conhecimento científico e tecnológico. Perguntar-se-á se a aposta no conhecimento e na sua equação em poder não resultará, ao invés, em mais ignorância e impotência.

Aproveitando a edição mais recente da Revista de Filosofia do Porto dedicada ao tema, esta sessão abordará temas do mal, do conhecimento e da domesticação do imprevisível. Tentaremos ainda apreender se há ou não algo de comum a catástrofes como o terramoto de Lisboa, o holocausto, as bombas de Hiroxima e Nagasáqui, a sexta extinção ou a mudança climática. Ou seja, perguntar-nos-emos se há catástrofe.