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CONCENTRAÇÃO SEM PAPAS NA LÍNGUA
DIA 4 DE AGOSTO - MARTIM MONIZ
Apesar do esforço de todos os espaços - políticos e mediáticos - para criar um discurso único sobre a recepção da Jornada Mundial da Juventude - como se fosse meramente uma celebração religiosa -, não esquecemos que o objetivo deste evento é político, e que é através da ocupação do espaço público que a igreja continua a reafirmar o seu domínio.
A igreja católica continua vinculada à construção de poder e, através da intrusão de valores e normas, continua a exercer um controlo social e cultural na nossa sociedade. Os dogmas da religião interferem na construção do poder popular e no poder de decisão das comunidades marginalizadas - ao quererem privar-nos da liberdade e autonomia dos nossos corpos.
Com a imposição das suas hierarquias exigem-nos submissão.
Mas nós não esquecemos - nós somos a insubmissão.
Não esquecemos o papel da igreja no aprisionamento de pessoas que, em conjunto com o Estado, criou um castigo aparentemente moral, afastando-se dos bárbaros e públicos castigos da época medieval e remetendo-os para o oculto - criando a prisão. Prisão essa que diz "corrigir" todo e qualquer comportamento que infrinja a ordem pública.
Não sabíamos nós é que essa "correção" significaria 60 mortos por ano nas prisões portuguesas e trabalho escravo com reclusos a receber 2 a 3€ por dia, ou cêntimos para construir os confessionários para as Jornadas.